domingo, 28 de febrero de 2010

A implosão de mentira - Affonso Romano de Sant'Anna

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
E hoje mentem novamente. Mentem
De corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira sinceramente.

Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
Mentem. Mentem tão nacional/mente
Que acham que mentindo história afora
Vão enganar a morte eterna/mente

Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
Falam. E desfilam de tal modo nuas
E mesmo um cego pode ver
A verdade em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil
E para alguns é cara e escura.
Mas não chega à verdade
Pela mentira, nem à democracia
Pela ditadura.

Evidente/ mente a crer
Nos que me mentem
Uma flor nasceu em Hiroshima
E em Auscwitz havia um circo
Permanente.

Mentem. Mentem caricatual
Mente:

Mentem como a careca
Mente ao pente,
Mentem como a dentadura
Mente ao dente,
Mentem como a carroça
À besta em frente,
Mentem como a doença
Ao doente,
Mentem clara/mente
Como o espelho transparente.

Mentem deslavada/mente,
Como nenhuma lavadeira mente
Ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
Com a cara limpa e nas mãos
O sangue quente. Mentem
Ardente/mente como um doente
Nos seus instantes de febre. Mentem
Fabulosa/mente como o caçador que quer passar
Gato por lebre. E nessa trilha de mentira
A caça é que caça o caçador
Com armadilha.

E assim cada qual
Mente industrial? Mente,
Mente partidária? Mente,
Mente incivil? Mente,
Mente tropical? Mente,
Mente incontinente? Mente,
Mente hereditária? Mente,
Mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/ mente
Constroem um país
De mentira
diária/mente. 


- Políticos, cínicos y/o desvergonzados... ahí les dejo un recuerdito que me hizo recordarlos ayer

1 comentario:

something beautiful dijo...
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